“O que são os adolescentes?
Ora bem, são uma cambada de meninos mimados convencidos que já são alguém muito importante neste mundo. Consideram os seus problemas os piores de todos e sentem-se infelicíssimos sempre que se deparam com uma discussãozinha ou desentendimento com alguém, ou seja, quando as coisas não correm como querem.
Acham que só se podem divertir se beberem, fumarem ou fizerem as duas coisas ao mesmo tempo, já nada mais lhes dá prazer numa saída à noite. Se não podem beber durante uma noite acham que a noite não prestou, por outro lado se beberem de mais e vomitarem uma vez ou mais acham que a noite foi demais e querem repetir o mais rápido possível. Mesmo que fazer estas coisas não lhes saiba bem, fazem-no para que pareça bem aos outros e não sejam excluídos dos seus grupos sociais. E como é claro, são excluídos da mesma maneira que excluem os outros quando estes não fazem alguma coisa considerada “fixe”.
Como se costuma dizer têm a mania que sabem tudo e que são imortais, que nada os atinge. É óbvio que se lhes perguntarmos se acham que sabem tudo ou se são imortais, eles respondem que não, mas a verdade é que lá no fundo acham que sim. Acham que podem beber, fumar e fazer tantas mais outras coisas sem que haja consequências para o lado deles, e não param um bocadinho para pensar que alguns anos mais tarde irão pagar por tudo o que fazem agora.
Voltando à questão dos problemas dos pobres meninos, eu pergunto: o que é uma traição num relacionamento de um casal de jovens de 15, 16 ou 17 anos? Ou então o que é ser castigado porque se fez asneira? Eu respondo: não é nada. Alguém desta idade pode muito bem recuperar de um desgosto de amor ou aguentar uns dias sem sair à noite ou outra coisa qualquer que lhe dê prazer. É óbvio que estar um dia que seja sem estar com os amigos ou sem ver TV é uma catástrofe das piores que pode haver na vida de um adolescente, o pobre coitado pode morrer de tédio ou solidão durante esse tempo.
Se lhes for falado na fome em África, no terramoto do Japão, ou nos estragos e pessoas que morreram por causa do atentado às torres gémeas, eles dizem que sentem muita pena e até são capazes de mandar umas mensagens a pagar, pelo telemóvel, para associações que ajudam as pessoas vítimas desses males. Mas enquanto só tiverem contacto com essas situações pela TV e não as sentirem na pele, não darão o valor devido àquilo que têm, e ainda menos ao que as vítimas dos referidos acontecimentos sentem.
O que posso dizer mais? Já que não posso dizer ou fazer nada para mudar tudo isto, aconselho-vos a aproveitarem enquanto vivem na idade em que essas fantasias vos são toleradas.
Autor:
O estereótipo de adolescente.”
- Texto aqui, por Duffler (obrigada pela permissão, by the way).
Eu não podia concordar mais. Para minha desgraça, tenho convivido mais do que gostaria com um estereótipo de “adolescente mimado”, e tem-me custado mais do que eu estava à espera. A cena que me chateia verdadeiramente nos adolescentes (na verdade, estou a incluir-me a mim, visto que também tenho destas pancadas (não tantas, mas sim, tenho)) é o facto de tão rápido encantarem toda a gente, como entretanto, após crescerem um bocadinho, conseguem desencantá-la. Mesmo vendo que estão errados, continuam a agir assim, porque é assim que tem de ser, porque o adolescente é que tem de ter sempre razão. Nunca são os pais, nunca são as outras pessoas, são sempre eles. São um carradão de frustradinhos, coitadinhos, que não conseguem arcar com consequências de actos irreflectidos, mas que não dão o braço a torcer, porque a razão tem de ser sempre deles. Sempre.
Juro que tenho vergonha de me incluir no estereótipo de adolescente.